O perigo do culto sem pregação
Há alguns anos, ouvi a respeito de um show que uma cantora gospel realizara num grande templo evangélico, na cidade de São Paulo: “Foi tão bom que nem precisou de pregação!” Infelizmente, esse menosprezo pela exposição da Bíblia tem se tornado cada vez mais comum. Em contrapartida, ouço pessoas declarando amor por Cristo. Penso que o amor a Deus implica confiança nele; esta, por sua vez, implica a tentativa de obedecer-lhe, que é uma atitude de quem valoriza o que ele diz em sua palavra. Não sou contra que se declare amor por Cristo, mas me assusta a contradição entre a facilidade com que tanta gente confessa amá-lo e o menosprezo que tantos demonstram pela pregação das Escrituras nos cultos.
Há uma afirmação de C. S. Lewis que tem muito a ver com essa contradição: “Não há sentido em dizer que confiamos em tal pessoa se não aceitamos seus conselhos”. De fato, confiar implica ouvir e valorizar o ensino da pessoa que consideramos confiável. Se dizemos amar a Cristo e confiar nele, é de se esperar que queiramos ouvir e aceitar o que ele tem a dizer. Ora, se o ensino e os conselhos de Cristo estão na Bíblia Sagrada, é indispensável a exposição fiel de seu conteúdo, no culto, para que o conteúdo dos louvores, da oração, da oferta permaneça fiel à verdade nela revelada.
Se pensarmos o quanto a saúde espiritual da igreja depende do ensino e da pregação fiel das Escrituras, veremos o quanto é preocupante descartarmos esse momento do culto e aceitarmos que seja substituído por algum falatório vazio ou algum entretenimento. É como dizer a Cristo: “Tu és meu Senhor, meu amigo, mas não preciso dos teus conselhos”. Conscientemente, alguém que professe ser cristão não diria isso a Deus. Mas é exatamente o que lhe dizemos, quando desprezamos a exposição da Bíblia Sagrada; não importa quantas declarações de amor cantemos para ele. Na verdade, se lhe dizemos isso com nossas atitudes, ele ainda não é nosso Senhor, nem nosso amigo.
Deus jamais aceitará um culto sem o conteúdo de sua palavra. Isso nos dá o dever de repensar o valor da pregação, pois quando esta é descartada ou quando seu conteúdo não tem compromisso com a palavra de Deus, toda a adoração torna-se vulnerável a conteúdos corrompidos por falsos ensinos. Precisamos, urgentemente, que Cristo volte a ser o centro da nossa vida, que volte a ser o centro da nossa oração, da nossa pregação, do nosso louvor, de toda oferta que depositamos diante dele.
Sem Jesus, faz algum sentido nos reunirmos para celebrar? O Cristo a quem temos declarado amor é o Deus das Escrituras ou algum que inventamos? Se a pregação da palavra de Deus nos for negligenciada, nosso culto, consequentemente, se esvaziará do conteúdo que deve fundamentá-lo: a verdade. Considerando isso, estamos diante de um sério perigo, pois Jesus afirmou ser a própria verdade (Jo 14.6); também orou ao Pai: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17). Ele é a verdade, a palavra de Deus encarnada, revelada na palavra de Deus escrita, a Bíblia Sagrada. Portanto, onde não há palavra de Deus, não há verdade, e onde não há verdade, não há Cristo.
Fonte: http://www.fumap.com.br